Ás três da tarde a mesa do chá estava pronta com torta de natal, deliciosa, biscoitos de Natal (feitos por mim durantes três noites seguidas com meus pais na cozinha), caramelos. E tomamos chá com minha vó e minha tia. Logo depois, fomos toda a família andando até a igreja. Eu senti um frio que eu não conseguia acreditar, parecia que meu sangue ia congelar. Não foi uma sensação muito agradávell, eu queria uma Natal com neve (primeira coisa que fiz foi olhar na janela quando acordei pra checar se a neve ainda estava lá), mas não precisava estar -25ºC! Foi a primeira vez que eu entrei na igreja a uma quadra da minha casa porque ela sempre está fechada quando eu tento entrar. É tudo muito diferente do Brasil. E, com certeza, um dos motivos é porque a igreja é 300 anos mais velha que o Brasil. Sim, minha primeira missa numa igreja de 800 anos! :D E que missa louca. Era uma padre mulher, e ela usava uma roupa de filme com aquele colarinho branco gigante ao redor do pescoço. Ela rezava virada para o altar, de costas. E tinha uma outra mulher que ficava lendo um monte de coisas olhando pras pessoas. E daí, teve um momento, que a padre subiu num lugarzinho que eu não sei o nome, tipo uma sacadinha muito linda, muito antiga, e ficou falando sobre anjos. Eles não tinham que se ajoelhar ou falar nada durante a missa que durou 30 minutos (e era a missa de Natal, imagine), e as pessoas cantavam o tempo todo. A irmã da Helene quis sentar do meu lado, as crianças aqui me amam! É muito legal falar dinamarquês com elas, lembro que há dois meses atrás eu ficava morrendo de vergonha de falar com elas porque eu não conseguia falar a língua. E agora eu posso! :D
Voltamos para a casa, e minha irmãs e eu jogamos um jogo. Depois fizemos o brinde em família e comemos aperitivos. A janta ficou pronta e comemos todos juntos. Tinha postej, que é um tipo de patê, mas minha mãe faz um vegetariano que é tipo um rizoto. Também tinha batata, cenoura e beterraba com temperos assadas no forno. Carne. Batatas marrom, são batatas com molho de caramelo. Salada de repolho com passas, laranja e nozes. É, parece nojento, mas até que estava bom. Depois de tantas refeições eu estava morrendo. Então, fizemos um jogo pra ver quem lava a louça. Cada um ganha três palitos de fósforo e tem que esconder na mão um, doi, três ou zero. Daí todos tentam adivinhar quantos palitos há no total naquela rodada. Quem adivinha perde um palito; quando você perdeu todos os palitos você ganha. De qualqueer maneira, eu e anne ganhamos mas lavcamos a louça porque queriamos fazer rápido pra poder jogar! hihihihi
A sobremesa foi risalamond, um tipo de arroz de leite com nozes e cobertura de frutas vermelhas. Parece delicioso falando, eu também achava que seria, mas tem gosto de comida de hospital hihihi E daí se esconde um amêndoa inteira no risalamond e quem come essa amendoa tem que esconder ela no canto da boca e não contar pra ninguém. Então, a gente comeu e comeu e acabou com o risalamond pra achar a tal da amêndoa. E aí, minha irmã, depois de ver todo mundo morrendo de barriga cheia, fala: Eu tenho a amêndoa desde a primeira porção! E aí ela ganhou um presente! :D Era um livro de piadas dinamarqueses, piadas políticas ou com um contexto social, muito bacana.
Terminamos o jogo e fomos dançar em volta da árvore, quero postar os vídeos aqui, filmei tudo, mas não sei se o blog vai conseguir carregar. Bom, de qualquer maneira, cada pessoa da família escolhia uma música e nós dançávamos em volta da árvore de mãos dadas. No final, dançamos Nu er det jul igen, em volta da casa toda. Foi muito divertido! Daí sentamos e cada um tinha que pegar um presente e entregar para a pessoa e tínhamos que esperar a pessoa abrir, para o seguinte pegar outro presente. Levamos quase toda a noite. E comemos mais e mais.
Eu ganhei muitos presentes, me senti muito amada pela minha família. Não pelos presentes, mas pelo todo, eles me consideram parte da família. Eles deram pra minha tia e minha vó um quadro com a foto de nós quatro, os irmãos. Fiquei muito emocionada!
O Natal foi mágico, mas muito queitinho. Ninguém gritou feliz natal à meia noite, foi como uma janta cheia de tradições. Faltou festa, bagunça...coisa de brasileiro. E isso me fez ficar tão dividida, amo demais a Dinamarca, eu combino com a Europa, com o estilo de comportamento daqui, com as pessoas, eu amo demais esse lugar. Mas, ao mesmo tempo, eu quero que o tempo voe para eu poder abraçar minha mãe, meu pai, meu manino e minha maninha, minha cachorrinha mais linda do mundo, e dar um mega beijo no meu namorado! Mas, sei que aí vou começar a sentir saudades da Anne, da minha mãe, das amigas do gymnasiet, da neve, dos -25c, tá isso não! hihhihihi
Falei com a minha família até às 4 da manhã! Que saudades, não tava com saudades antes de falar com eles, mas depois de ver todos reunidos eu fiquei tão triste. Hoje acordei e só conseguia pensar neles. Daí eu saí para um tour no fjord e redondezas com meus pais. Tinham várias montanhas de gelo, são uns agrupados de pedras gigantes de gelo. O fjord tava coberto com uma camada de neve que deixava tdo brilhante, parecia que estávamos no polo norte. O sol tava lindo, e a neve reflete o sol deixando o dia com uma luminosidade perfeita. Eu achava que a Dinamarca era um país escuro, mas a neve faz com que qualquer sol fique muito mais brilhante. Foi ótimo o passeio, eu fui nums lugares que eu nunca tinha ido aqui, lindo demais. Mas estavam somente -10º C, daí meu pai falou: " Se tivesse ventando tu ia sentir que está frio!" E eu tremendo, com uma dor de cabeça que ainda não passou até agora por causa do frio. Daí eu falei:"Eu consigo sentir o frio, não preciso do vento pra isso!" ihihihih
Voltamos para casa e comemos torta e biscoitos, e agora eu escrevo aqui. Tantas coisas passaram pela minha cabeça vendo essas paisagens lindas, os cisnes no fjord congelado, falar com minha família em dinamarques, dançar em volta da árvore e conseguir escolher um música (a minha foi a mais divertida, é a minha música de natal preferida)... Todas essas coisas me fazem sentir uma saudade antecipada da Dinamarca. Eu amo meu intercâmbio e estou crescendo e aprendendo coisas que eu não aprenderia em anos numa faculdade... Mas, quando eu vejo minha mãe, meu pai, o Tonio pelo skype, eu só quero voltar pro calor do Brasil, pra praia, pra companhia de vocês. E aí eu fico nessa dúvida, será que eu vou conseguir ter uma vida normal quando eu voltar? Porque parece que eu morava lá em outra vida, há muito tempo atrás, minha noção de tempo está completamente danificada, e eu pertenço ao mundo agora, e quero explorar todas as possibilidades, tudo ficou perto pra mim agora. Sei lá, não tenho que me preocupar com isso agora, porém, eu tô com saudades!!!! Por que é tão difícil ficar longe de quem se ama?
Amanhã vou pra copenhague com a minha família, temos um julefrokost. Então, vou escrever só no ano novo. Mil beijos a todos e Feliz Natal!!!
GLæDELIG JUL!
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