Wednesday, July 6, 2011

FARVEL DANMARK/ ADEUS DINAMARCA

Faz tanto tempo que eu não escrevo, e agora estou escrevendo meu primeiro post de volta ao Brasil. A todos os futuros intercambistas que estão lendo, quero demais poder entrar em contato com vocês e ajudá-los, porque sinto que esse meu sonho nunca vai realmente acabar, para sempre serei metade dinamarquesa e intercambista e quero ajudá-los a realizar esse sonho que eu tanto esperava e agora já aconteceu! Aproveitem, gente. O início é difícil e não se curte muito, mas vocês vão conseguir superar a saudades. Agora, o adeus a Dinamarca é a parte mais difícil, triste, perturbadora. hahaha
Por onde eu começo? A minha última semana no país dos contos de fada, da liberdade, da perfeição. O país que eu demorei uns quatro meses para consegui fazer amigos, aprender a língua e cultura. E depois, o país que se tornou minha casa, os amigos que se tornarão meus melhores amigos de toda a vida.
Eu nem lembro direito o que escrevi ou não. Sei que me despedi de tantas pessoas importantes para mim, do meu ginásio, da minha casa, da minha vida por um ano. E senti tanto medo de voltar, eu tinha ataques de choro durante a noite. Sei que eu posso parecer exagerada, mas se sente uma dor tão forte em saber que é a última vez que você vai dar um abraço na sua amigona, e não se sabe quando você vai vê-la de novo. A Anna e a Annika foram me ajudar a arrumar as malas, fizemos negrinhos e nos divertimos muito. Dei muitos presentinhos pra elas, e elas já me ligaram dizendo que pensam em mim quando olham para os presentes. Depois disso, a turma da Anne veio de carruagem (lá, a tradição é ir de carruagem com toda a turma nas casas de todos da turma por uma meia hora para comer e beber). Então, com a carruagem toda decorada eles foram até minha casa. Nós enfeitamos toda a casa e eu fiz negrinhos, todos amaram. Depois que eles foram embora eu arrumei minhas malas e tive outros tantos ataques de choro.
Sábado a noite, cantamos mil canções dinamarquesas. Foi ótimo! E minha mãe do Brasil falou com minha família na Dinamarca, senti-me completa por ter as minhas duas famílias tão amigas. Eu disse boa noite a uma da manhã e a Anne dormiu comigo, tive diversos ataques de choro novamente hahahah. Na manhã seguinte, pegamos o carro e fomos até cope onde eles me largaram no camp. Mas, no carro eles cantaram músicas lindas para mim e conversamos e rimos. Eu estava tão nervosa, meu ano se foi! E então, ao chegarmos no camp, sentamos na grama e conversamos. Na hora de dizer adeus, minha família me deu um abraço em grupo e começou a gritar FAMILIE KRISTENSEN! Eles são a família mais louca e maravilhosa, nós combinamos perfeitamente como família. Não dissemos adeus, e sim até logo. Foi como se eu fosse voltar amanhã. Minha mãe disse: Uma vez membro da família, para sempre membro da família. Tuas roupas estão aqui no armário te esperando. :) Chorei tanto. E aí eles deram duas voltas ao redor do estacionamento abanando as havainas e gritando meu nome. O último abraço foi tão forte. Entrei no camp, abracei a Cherry e chorei todas as tristezas.
Logo após, tivemos que escrever uma carta para nós mesmos no futuro. Você sabe como eu amo escrever, mas não consegui, só queria chorar, assim como todos os outros intercambistas. Foi o único camp, sem ser o primeiro, que pudemos ver todos os intercambistas na Dk, e por isso foi o melhor porque já tínhamos tantos amigos. Mas, foi o mais triste, porque dissemos tchau a todos que amamos. Fiquei muito tempo com vaclav, francisco e charlotte e também com as pessoas do meu comitê, minhas amigas da frança e da hungria.
Era a mesma escola e as mesmas pessoas do primeiro acampamento, e então tudo relembrava a nossa chegada, a nossa estaca zero. Tinha muito medo de esquecer meu ano quando eu voltasse, mas isso nunca vai acontecer. O único problema, é que só faz uma semana que eu cheguei e já parece um sonho, mesmo que eu fale com meus amigos e família da Dinamarca todos os dias.
Ás três da manhã foi o primeiro grupo embora, os bolivianos. Todos nós esperamos acordados para nos despedir, então choramos mais meia hora e abraçamos todos os nossos amigos. E foi assim a cada hora, a cada hora tínhamos que dizer adeus a alguém especial e todos ficavam tão tristes. E eu sabia que minha hora ia chegar, eu não dormi nada aquela noite.
Meu último abraço na Charlotte foi terrível, eu senti que ia desmaiar. Ás três, eu disse adeus ao acampamento e vi meu amigo maluco da Hungria chorando! Cara, ele é a pessoa mais feliz que eu conheço, mas me abraçou tão desesperado! E lá fui eu e os brasileiros e chilenos ao som das palmas.
No aeroporto, contra as regras da AFS, minha irma que estava no Roskilde (um festival de rock perto de cope) foi me dar tchau. A gente ficou cantando músicas e todos ficavam olhando as duas louquinhas abraçadas. E então, começou a parte mais difícil, o trio se desfez. O Francisco nos deu adeus. E eu tentei sorrir, mas as lágrimas vinham tão fortes. E aí, eu estava sozinha com os brasileiros, minha mana e vaci. Ficamos os três de mãos dadas, conversando como se nada tivesse acontecendo. E então, veio o momento final, a fila estava acabando, eu tinha que entrar pro portão de embarque e eu disse: "É AGORA!" E o Vaci disse que não e me abraçou tão forte e ficou com o rosto no meu ombro chorando, eu nunca vi ele chorar, ele disse que foi a primeira vez em três anos que ele conseguiu chorar. E eu abracei minha irmã, e eu quase cai. As duas pessoas das três que eu mais tinha medo de dizer tchau estavam ali. E eles seguravam na minha mão e não me soltavam. Eu não sei da onde eu tirei a coragem, todos estavam atrasados por minha causa, eu soltei a mão deles e fui. Fui despedaçada, partida ao meio, virando pra trás e vendo a expressão deles de vazio. VAZIO. Isso é a perfeita descrição, UM BURACO NEGRO NO PEITO. Ver a Dinamarca, o meu país, ficando pequeno lá embaixo enquanto o avião sobe foi um dos momentos mais tristes do meu intercambio. Eu me sinto metade dinamarquesa, a Dinamarca é a minha casa agora. Eu sinto tanta saudades!
Chegar no Brasil foi emocionante. Não há nada como a família de verdade da gente, e minha saudade era tanta que eu chorei ao ver minha família. Eu acho que eu desidratei de tanto chorar ao total dessa última semana.
Cheguei em casa e toda a família da minha mãe me esperava e foi ótimo ver todos novamente. Eu estava muito feliz, cheia de adrenalina por estar em casa e matar a saudades. Minha cachorrinha me lambeu tanto, senti que ela estava sofrendo de saudades!
Mas, agora esse entusiasmo passou, e eu não estou mais acostumada com o jeito brasileiro, essa rotina pesada, esse estresse, essa falta de segurança... Eu sinto falta de tudo lá, mas ao mesmo tempo amo estar com minha família e amigos daqui. É como se eu nunca estivesse completa. As pessoas dizem que eu tenho que ir atrás dos meus sonhos aqui, mas eu não consigo pensar só no aqui quando eu quero também o lá. Todos dizem que eu tenho que me focar, que é difícil voltar. Mas eu quero poder visitar minha família e amigos todos os anos, a europa virou minha terra também. Não sei como explicar, as pessoas aqui acham que viajar é impossível e ficam me botando para baixo no momento que eu mais preciso acreditar que essa saudades insuportável vai logo passar.
Para vocês, futuros intercambistas, verem como adaptação no país de origem não é fácil. Desculpem meu pessismismo, mas escrever aqui foi tão difícil, doeu relembrar a parte mais dura do intercambio e também a que você percebe o quanto você conquistou nesse ano: uma VIDA!
Vou continuar escrevendo minha adaptação. Eu já estou falando com minha dansk familie todos os dias e é como se ainda estívessemos juntos na mesma sala, amo skype! Pois é, mais novidades posto aqui.
Me escrevam perguntas e se quiserem posso até ensinar um pouco de dinamarquês pra galera que tá indo! Eu moro no sul do Brasil, se alguém é daqui e quiser me contatar sinta-se a vontade! O meu sonho agora é ajudar futuros intercambistas a realizarem a melhor coisa que eles podem fazer na vida: conhecer o mundo!

No comments:

Post a Comment